terça-feira, 15 de julho de 2008

O Palais Royal

Palais Royal

Entrada do Conselho de Estado, numa parte do Palais Royal.


O Palais Royal é um palácio e jardim localizado próximo do Ier arrondissement de Paris. Em frente à ala norte do Louvre, o seu famoso pátio (cour d'honneur) delimitado por colunas (desde 1986 contendo obras de arte de Daniel Buren) enfrenta Place du Palais-Royal, a qual foi bastante ampliada pelo Barão Haussmann, depois da abertura da Rue de Rivoli por Napoleão.



Os propileus (à direita) e a galeria de Valois (à esquerda)

concebidos pelo arquitecto Victor Louis.



Origens

Nunca tendo sido um palácio real, a despeito do nome enganoso, o Palais Royal foi construído arquiteto Jacques Lemercier, a mando de Richelieu, a partir de 1624. A sua localização corresponde, em parte, à do antigo Hôtel de Rambouillet, onde a Marquesa de Rambouillet mantinha um brilhante salon frequentado assiduamente por Richelieu. Nesta época era chamado de Palais Cardinal. Richelieu deixou-o para a Coroa Francesa.

A partir de 1643, depois da morte de Luís XIII, abrigou a Rainha-Mãe Ana da Áustria, o Cardeal Mazarino e o jovem Luís XIV. Nesta época passou a ser chamado de Palais Royal, nome que iria manter.

En
1648, na época da Fronda, os parisienses invadiram o palácio para assegurar que o jovem Luís XIV e a sua mãe não voltariam a fugir.


Vista dos jardins.

Os Orleans no Palais Royal



Em 1692, Filipe II, Duque d'Orleans, filho do Monsieur e regente da França durante a menoridade de Luís XV, recebeu o palácio em herança. O regente governou o país a partir do Palais Royal, onde levou uma vida de deboche.


Os Orleans não ocuparam a ala nordeste, onde Ana da Áustria tinha os seus aposentos, mas sim o Palais Brion, onde o futuro Regente, enquanto Duque de Chartres, encomendou a Gilles-Marie Oppenord a decoração do Grande Apartamento (Grand Appartement), o lugar clássico no luminoso e alegre Estilo Regência, o qual pressagiou o futuro rococó. O Grande Apartamento, os mais íntimos Pequeno Apartamentos (Petits Appartements), e a sua galeria pintada com temas Virgilianos por Coypel, foram todos eles demolidos, em 1784, para permitir a instalação do Teatro Francês (Théâtre-Français), atual Comédie-Française[1].

O Palais Brion, um pavilhão separado erguido ao longo da Rue Richelieu, para oeste do Palais Royal, havia sido comprado por Luís XIV aos herdeiros do
Cardeal Richelieu; neste pavilhão, o Rei instalou Louise de La Vallière, que ali deu à luz dois filhos do Rei, em 1663 e 1665: ambos morreram jovens. A colecção Real de antiguidades foi instalada no Palais Biron, ao cuidado do crítico de arte e historiador oficial da corte André Félibien, nomeado em 1673.

Galeria do Palais Royal.


Fórum revolucionário


O bisneto do Regente, Luís Filipe II, Duque d'Orleans, que ficaria conhecido como "Philippe-Egalité" durante a fase mais radical da Revolução, tornou-se popular em Paris quando abriu os jardins do Palais Royal a todos os parisienses, tendo contratado o arquiteto neoclássico Victor Louis para reconstruir as estruturas em volta dos jardins do palácio, após um incêndio ocorrido em 1773. Mandou ainda encerrar os jardins com colunatas regulares que foram alinhadas com lojas (numa das quais Charlotte Corday comprou a faca que usou para apunhalar Jean-Paul Marat). Ao longo das galerias permaneciam "damas da noite", e nos segundos andares estavam alojados casinos de jogo. Existia um teatro em cada extremo das galerias; o maior foi a sede da Comédie-Française, a companhia de teatro estatal, a partir do reinado de Napoleão. O primeiro de todos os teatros existentes no palácio foi originalmente construído por Lemercier para o Cardeal Richelieu, em 1641 (?). Sob Luís XIV, o teatro acolheu peças de Molière, desde 1660 até à morte do dramaturgo em 1673, seguido da Ópera sob direção de Jean-Baptiste Lully.

Entre a década de 1780 e 1837, o Palais Royal foi uma vez mais o centro da intriga política e social parisiense, e lugar dos mais populares cafés. O histórico restaurante "Le Grand Vefour" ainda se mantém ali. Em 1786, foi disposto o canhão do meio-dia por um filósofo amador; colocado no primeiro meridiano de Paris, no qual o Sol do meio-dia irradia, passando através de uma lente, incendiou o rastilho do canhão. O canhão do meio dia ainda se mantém aceso no Palais Royal, apesar de a maior parte das "mulheres da vida" terem desaparecido, inspiraram as linhas do Abbé Delille;

"Dans ce jardin on ne rencontre
Ni champs, ni prés, ni bois, ni fleurs.
Et si l'on y dérègle ses moeurs,
Au moins on y règle sa montre."

("Neste jardim não se encontra/
Nem campos, nem bosques, nem flores./
E se perturba a moralidade/
Ao menos regula a sua mostra.")

No dia 12 de Julho de 1789 um jovem agitador, Camille Desmoulins, pulou para uma mesa de café e anunciou à multidão que Necker havia sido demitido. "Esta demissão"', acreditava ele, "é o alarme de São Bartolomeu dos patriotas". Enfiando duas pistolas no seu casaco, declarou que não seria apanhado com vida. "Aux armes!" Desceu entre os abraços da multidão, e o seu grito "To arms!" ressuou de todos os lados. Dois dias depois, a Bastilha foi tomada.


Cortina neoclássica de Contant Ivry em frente do pátio barroco de Lemercier.


Foi igualmente do Palais Royal que partiu, no dia 5 de Outubro de 1789, a delegação que se rebelou contra as vestes Reais. Nesse dia, vários milhares de mulheres marcharam sobre o Château de Versailles. No dia seguinte, guardaram a família Real no Palácio das Tulherias sob forte escolta.


O Palais Royal, durante a Revolução, ofereceu o espectáculo de uma deambulação agradável, canalha ao máximo, onde o amor ou os simples namoricos reinavam.


Os cafés estendem as suas asas às arcadas, prolongando o seu comércio sob as folhagens. São fóruns de agitação verbal. Tradicionalmente era ali tolerado mais espaço de anarquia que o de templo exclusivo.


No dia 20 de Janeiro de 1793 foi assassinado no Palais Royal, pela antiga guarda dos corpos de Paris, o deputado Louis-Michel Lepeletier de Saint-Fargeau, o qual havia votado a morte do Rei. Nesse mesmo ano o palácio tornou-se bem nacional.

O regresso dos Duques de Orleans

O palácio foi restituído à família de Orleans em 1814, tornando-se residência dos Duques até 1848.

A partir de 24 de Dezembro de 1814, Pierre François Léonard Fontaine foi nomeado arquiteto do Duque de Orleans. Este arquiteto fará as renovações necessárias ao uso e cortesia (grande escadaria de Honra, Galeria de Orleans, etc.) durante a Restauração e a Monarquia de Julho.
Depois da restauração dos Bourbons, no Palais Royal, o jovem
Alexandre Dumas obteve emprego no gabinete do poderoso Duque de Orleans, o qual recuperou o controle do palácio durante a restauração. No decorrer da Revolução de 1848, o Palais Royal foi pilhado pela multidão revoltosa que fez cair a Monarquia de Julho.

Sob o Segundo Império, o Palais Royal foi residência do ramo dacaído da família Bonaparte, representado pelo Príncipe Napoleão, primo de Napoleão III.

Em 1871, o palácio foi destruido. Seria restaurado dois anos depois para receber o Conselho de Estado.

O Palais Royal de Paris


Atualidade



Atualmente o Palais Royal acolhe várias instituições de primeira importância:


-Em 1875, o Conselho de Estado (Conseil d'État) instalou-se no Palais Royal;


-o Tribunal Constitucional;


-o Ministério da Cultura;


-atrás do jardim ficam os antigos edifícios da Bibliothèque National, a biblioteca nacional de depósito, com uma coleção de mais de 6.000.000 de livros, documentos, mapas e publicações; a maior parte das coleções foi transferida para instalações mais modernas em outros locais;


-desde 1799, a Comédie-Française mantém a Sala Richelieu (Salle Richelieu), concebida pelo arquiteto Victor Louis, em funcionamento no Palais Royal.

Referências
Le Palais-Royal des Orléans (1692-1793): Les travaux entrepris par le Régent.

Links

PARIS MYSTERIOUS : http://www.parisbestlodge.com/palaisroyal.html

Visita Virtual a Paris: http://www.virtualparis.fr/fr/guide/index/page/1

Fonte: Wikipédia